quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Unificações na Europa: a Alemanha e a Itália (1851- 1871)

Itália
No decurso da segunda metade do século XIX, as grandes potências europeias procuraram estender a sua influência. Esta atitude imperialista foi, na maioria dos casos, precedida de movimentos de cariz nacionalista.
O nacionalismo estava muito em voga na centúria de 1800, inscrito num espírito romântico que tendia a mitificar as origens medievas das nações europeias.
É neste contexto que se dá a unificação da Itália, em 1870, e da Alemanha, em 1871.
O movimento de unificação de Itália (1840-1860) foi desencadeado pela revolução de 1848-1849. O grande objetivo desta revolução patriótica era, essencialmente, expulsar os austríacos do Norte e estabelecer um estado italiano coeso. Esta primeira tentativa de unificar o território fracassou, uma vez que não foi possível atrair as massas camponesas. Devido ao insucesso desta empresa, a Itália ficou dividida em oito estados. Por volta de 1860 a região do Norte de Itália ganhou um novo alento com o desenvolvimento do modelo capitalista.
Neste período, o estado de Piemonte-Sardenha era governado pelo conde de Cavour, um descendente de ricos latifundiários. Este político queria dar à Itália uma Constituição de tipo britânico e unir o país sob o domínio da monarquia da Sardenha, contando com a apoio da França, mediante a entrega da Saboia e do condado de Nice a Napoleão III.
Em 1859, a França e a Sardenha declararam guerra à Áustria. Neste conflito destacou-se Garibaldi, um dos próceres do movimento de unificação do país, chamado a intervir para conferir a este conflito um carácter mais popular.
Esta guerra esteve na origem da revolta nos ducados de Modena e Parma, dominados pelos austríacos. A Toscânia, seguida por outros estados, revoltou-se e juntou-se ao Piemonte. Napoleão III, temendo que esta guerra evoluísse para uma revolução, pôs fim ao conflito. Pelo acordo estabelecido entre a França e a Áustria, uma parte da Lombardia foi entregue à Sardenha e o Véneto permaneceu sob o domínio da Áustria. Mas, ao retirar-se, Napoleão III não cumpriu o compromisso firmado com Itália. Não libertou as regiões italianas subjugadas pela Áustria anexando, contudo, a Saboia e Nice.
Este desrespeito de Paris para com a aliança franco-italiana foi denunciado por Marx e Engels, em artigos publicados em jornais europeus e italianos.
Em abril de 1860 rebentou uma insurreição camponesa na Sicília, para onde se dirigiu Garibaldi, acompanhado pelos "mil de Garibaldi", também chamados "as mil camisas vermelhas", porque estes voluntários envergavam um vestuário fora do comum.
A sua chegada, a 2 de maio de 1860, foi muito festejada pela população, que o considerou o libertador. A sua vitória resultou na retirada dos inimigos. Em outubro de 1860 estava em curso a união revolucionária italiana.
Em setembro desse ano, Garibaldi assumiu o poder em Nápoles, com o apoio incondicional de uma parte considerável da população, com exceção dos camponeses, que não constituíam uma forte oposição aos latifundiários. Garibaldi voluntariamente reconheceu a autoridade de Vítor Manuel, o rei da Sardenha, quando esta foi exigida por Cavour.
Em outubro a Itália meridional passou a integrar o reino da Sardenha, em virtude de uma votação pública. No ano seguinte, em 1861, o Piemonte proclamou o reino unificado de Itália. Para a total unificação deste país, faltava incorporar o Véneto e a Roma dos papas.
Em 1866 a Prússia atacou a Áustria com o auxílio italiano. Garibaldi e os seus homens sofreram muitas derrotas, mas as tropas da Prússia ditaram o resultado final deste conflito. Após a assinatura do tratado de paz em 1868 a Áustria foi coagida a renunciar ao Véneto, uma região automaticamente integrada na Itália.
A Roma pontifícia tentou resistir à unificação, só que, com a perda do seu tradicional aliado, Napoleão III, que fora destronado, em 1870, pela Prússia, a cidade foi ocupada pelas tropas de Vítor Manuel, a 20 de setembro daquele ano. A unificação ficava, deste modo, completa e, nesse mesmo ano de 1870, a cidade de Roma assumia-se como a capital de um novo país europeu.
Giuseppe Mazini, Vítor Manuel II, o conde de Cavour do reino do Piemonte-Sardenha, o bastião da unidade italiana, consumada entre 1859 e 1870, foram os protagonistas do processo de unificação, no qual também participou Garibaldi, chefe militar muito popular entre a população do Piemonte, o centro dos patriotas de toda a península, de onde partiu para as suas campanhas.

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